A Bienal do Livro de SP 2024 quase se tornou a primeira edição que eu não visitaria desde que comecei a frequentar o evento em 2010.
Foram dias lidando com a falta de vontade de ir, mas, por fim, acabei indo no primeiro domingo da feira, oito de setembro.
Sendo o maior evento literário da cidade e tendo uma duração de dez dias, a Bienal do Livro de SP sempre conta com a presença de editoras de todos os portes e muitos autores nacionais e estrangeiros.
Meus anos frequentando o evento me fizeram aprender que o primeiro final de semana é o mais vazio, logo é meu preferido. Isso mudou este ano: todos os ingressos dos dois finais de semana esgotaram antes mesmo dos dias começarem. De acordo com as notícias, foram mais de setecentos mil visitantes nessa 27ª edição, batendo o recorde de maior público dos últimos dez anos.
Confesso que fiquei um pouco preocupada quando vi vídeos mostrando a quantidade de pessoas nos corredores do Anhembi no primeiro sábado. Felizmente, consegui pensar em um bom plano graças ao conhecimento que adquiri nas últimas edições do evento: chegar lá no meio da tarde e ficar até o horário de fechamento. Sei que, no geral, as pessoas preferem chegar logo cedo para aproveitar o evento assim que abrir, principalmente por ser domingo. Então, para garantir que não fosse impossível me movimentar lá dentro, o melhor seria chegar quando boa parte das pessoas estivessem indo embora. Fiz isso em 2022 pelo mesmo motivo e ainda bem que eu acertei de novo. Entrei assim que cheguei, consegui ver todos os estandes com calma, conhecer livros novos, fazer minhas compras e tirar fotos nos pontos mais bonitos. Tudo isso sem ficar horas em filas ou em locais muito lotados.
Assim como em 2022, esse foi mais um ano onde muitas coisas aconteceram antes mesmo do evento em si começar. Como a maioria foi negativa, acredito que não fui a única que perdeu um pouco do encantamento pela Bienal.
Quem poderia imaginar que seriam necessárias três tentativas, várias horas perdidas, dias de espera por notícias, para, no final, acabar sem senha para os autógrafos oficiais. Não sei o que levou a organização a mudar a forma da distribuição de senhas, mas espero que volte ao que era antes de 2024. Antes, as senhas dos dez dias eram distribuídas ao longo de dez dias, um dia de cada vez. A mudança colocou todas as senhas de todos os dias para serem distribuídas de uma vez em um único site que não aguentou a quantidade de acessos simultâneos. Isso deu início a uma exaustão maior do que a de encarar vários dias da feira, a ponto de eu realmente perder parte da vontade de ir.
Queria ter conhecido Hannah Nicole Maehrer, autora de Assistente do Vilão e Aprendiz do Vilão, mas, infelizmente, não consegui. As senhas dos dois eventos dela acabaram muito rápido e o fato de o site não funcionar direito não ajudou.
Como eu disse, isso foi desgastante demais, então acabei não fazendo planos para conhecer ou reencontrar outros autores. É por isso que este ano foi a primeira vez desde a edição de 2012 que voltei para casa sem nenhum autógrafo de escritores.
Os preços e descontos da Bienal são fáceis de ignorar quando se conhece a Feira do Livro da Unesp e a Festa do Livro da USP. Dito isso, meus únicos gastos foram na Editora Intrínseca e na Editora Alt. A primeira tinha duas estantes com alguns livros por quinze reais e a segunda estava com muitas promoções boas.
A Alt era a única editora que realmente caprichou nos descontos de todo o catálogo, então não foi uma surpresa ver o estande lotado com uma fila gigante para o caixa. Até os lançamentos estavam abaixo do preço de capa, ou seja, impossível sair de mãos vazias!
Considero uma grande vitória ter comprado poucos livros pela segunda edição seguida. Em 2018, eu comprei sete livros e quatro mangás, um em 2022 e três em 2024.
Comprar livros e ler livros são dois hobbies diferentes e, de vez em quando, um deles se torna mais divertido do que o outro. Por isso, tento equilibrar os dois e fico orgulhosa quando consigo.
Minha ida acabou sendo mais a passeio do que como leitora e criadora de conteúdo. Foi muito diferente do que eu estava acostumada, mas foi ótimo estar no evento sem nenhuma preocupação com horários, correndo para dar conta de tudo.
Estou feliz por ter tido uma experiência tão diferente em relação às últimas edições, uma muito mais tranquila. De certa forma, me lembrou da minha primeira ida à Bienal e gerou um sentimento de retorno ao início. Isso me ajudou a recuperar parte do meu carinho pela feira, então foi um saldo positivo.