Agatha Mary Clarissa Miller, mais conhecida como Agatha Christie e também como a Rainha do Mistério, foi uma das maiores escritoras britânicas e produziu mais de 70 obras. Sua extensão de histórias torna um pouco difícil saber por onde começar ou o que mais vai lhe agradar. Por isso estou aqui para dividir minha experiência e como me organizo para ler suas histórias.
Eu comecei a ler Agatha Christie aos 11 anos, por acaso. Ou não tão acaso. Eu vinha consumindo todo e qualquer livro que estivesse em casa, em uma necessidade intensa de preencher minha mente de histórias. Fui de Feliz Ano Velho do Marcelo Rubens Paiva, à Segredo de Uma Promessa da Danielle Steel (ambos para +16, no mínimo), mas agradeci à minha avó por comprar diversos livros em bancas de jornais durante os anos 80, pois isso me permitiu aprimorar minha leitura.
Por causa disso, me deparei com uma coleção da Editora Abril com capas brancas (1981), já com as páginas muito amareladas. Comecei a ler um e outro, sem realmente me engajar com qualquer história. Até que encontrei O Caso dos Dez Negrinhos – título baseado em uma antiga cantiga inglesa. A história, já há algum tempo, tem o título E Não Sobrou Nenhum. Só anos após devorar aquelas páginas e me impressionar com a história, eu soube, através de pesquisas e conversando com outros fãs da autora, que o primeiro livro que li era nada mais que um de seus melhores escritos, elaborado durante a “Era de Ouro” dela. Se eu pudesse, indicava esse logo de primeira, mas seus trabalhos iniciais são muito bons, embora a técnica não seja a mesma.
Quando eu pude escolher quais histórias ia ler (adeus garimpo de livros da minha avó), fiquei perdida pela quantidade de opções. Dentre as muitas promoções de 5 livros por R$50, eu acabei me apossando mais de 10 histórias da Agatha Christie, que escolhi aleatoriamente e que comecei a ler pelo que tinha mais páginas.
Como todas as histórias com detetives britânicos que se preze, os livros podem ser lidos em qualquer ordem, salvo uma pequena perda ou outra relacionada à vida pessoal dos personagens recorrentes. Mas, em minha busca pela precisão e com a meta de ler todos os romances dessa mulher memorável que foi Agatha Christie, eu decidi continuar a ler em ordem cronológica, excluindo, é claro, aqueles que eu já havia lido aleatoriamente. Peço desculpas por minha leitura inferir apenas as histórias do Detetive Hercule Poirot. Miss Marple e Tommy e Tuppence estão na minha meta de “ler um dia na vida”, só não nos próximos cinco anos.
Em resumo, este é um breve Guia de Leitura que você não precisa seguir. O importante é saber que essas histórias são muito boas e valem ser lidas, da forma que preferir. Sendo assim, seguem minhas indicações:
Quando Hastings encontra seu velho conhecido John Cavendish casualmente e aceita seu convite para passar uma temporada na enorme e isolada casa de campo de Styles, não imagina a misteriosa trama que o espera. Sra. Emily Inglethorp, madrasta de John e Laurence Cavendish, herdou a propriedade de seu marido e tem todo o controle sobre o patrimônio da família. Seu segundo marido, vinte anos mais novo, com um passado nebuloso, causa enorme apreensão nos filhos de Sra. Emily e nos demais moradores de Styles. A tensão na propriedade chega ao limite quando ela é encontrada trancada em seu quarto nos últimos estertores e morre com o nome de seu marido nos lábios.
Morte natural ou envenenamento? Quem além de seu marido teria interesse em sua morte? Como ela pode ter sido envenenada? Para responder a todas essas perguntas, Hastings, velho amigo de Hercule Poirot, pede autorização à família para chamar o excêntrico detetive belga.
Por que está na lista? É o primeiro livro que Agatha Christie escreveu.
O milionário Roger Ackroyd é encontrado morto, esfaqueado com uma adaga tunisiana – objeto raro de sua coleção particular. Esta é a terceira morte que acontece na mesma vila. Os três crimes em série chamam a atenção da velha Caroline Sheppard, irmã do dr. Sheppard, médico da cidade e narrador da história. Caroline, então, pede a ajuda do aposentado detetive belga Hercule Poirot, que passava suas merecidas férias na vila.
Por que está na lista? Um dos mais famosos romances policiais da rainha do crime.
Uma gélida noite de inverno. Logo depois da meia-noite, um banco de neve obriga o luxuoso Expresso Oriente a interromper sua viagem de Istambul a Paris e a ficar parado no meio do nada. O trem está surpreendentemente lotado para essa época do ano. Ao amanhecer, um ricaço americano é encontrado morto em sua cabine com várias facadas no peito. Coincidentemente, Hercule Poirot é um dos viajantes e conduzirá uma de suas mais difíceis investigações nos vagões isolados no meio da neve…
Por que está na lista? Uma das histórias mais conhecidas de Agatha Christie, além de ter um final surpreendente.
Há um serial killer à solta, matando suas vítimas em ordem alfabética. A única pista que a polícia tem é um macabro cartão de visitas que o assassino deixa em cada cena do crime: um guia ferroviário aberto na cidade onde a morte acontece.
A Inglaterra inteira está em pânico com a sucessão de crimes – A: Alice Ascher, em Andover; B: Betty Barnard, em Bexhill; C: Sir Carmichael Clarke, em Churston – e o assassino vai ficando mais confiante a cada morte. Seu único erro é pôr à prova o orgulho de Hercule Poirot, um erro que pode ser mortal.
Por que está na lista? Um crime inteligente, que foi copiado na vida real.
Inspirado em uma de suas estadias no Egito, conta a história de Linnet Ridgeway, uma jovem que parece ter tudo: beleza, dinheiro, inteligência e talento para os negócios. Mas, ao partir com seu noivo, Simon Doyle, para um cruzeiro exótico no rio Nilo, ela descobre que também tem… inimigos. Quando um crime é cometido a bordo, a suspeita recai sobre a ex-namorada de Simon. O álibi da moça, porém, é incontestável. O mistério parece insolúvel até que Hercule Poirot, de férias no mesmo navio, intervém de maneira a mudar totalmente o rumo da história…
Por que está na lista? Um mistério muito bem construído.
Conta a história de dez pessoas, aparentemente sem nenhuma ligação, que são convidadas para a Ilha do Soldado, antiga propriedade de um milionário. Nenhum dos presentes tem muita certeza de por que estão ali, a despeito de conjecturas pouco convincentes que os leva a crer que passariam um agradável período de descanso em mordomia. Entretanto, já na primeira noite, o mistério e o suspense se abatem sobre eles e, em um instante, todos são suspeitos, todos são vítimas e todos são culpados. Eles são confrontados por uma voz misteriosa, com fatos marcantes de seus passados.
Por que está na lista? É o meu livro favorito da autora e muito bem escrito.
Nos arredores de Londres há uma mansão com uma inusitada característica: ela é torta. É ali que o milionário octogenário Aristide Leonides mora com a esposa, cinquenta anos mais jovem, além de filhos, noras, netos e uma cunhada, irmã da primeira mulher. Quando a polícia descobre que o patriarca foi envenenado, todos os habitantes da casa se tornam suspeitos, e a discórdia passa a imperar entre os membros da família – sobretudo, olhares desconfiados recaem sobre a jovem viúva. A neta mais velha de Aristide, Sophia, junta-se ao namorado para investigar o que há por trás da misteriosa morte do avô.
Por que está na lista? Baita surpresa no final…
Duas investigações paralelas se entrelaçam ao longo da obra, dando ao livro o suspense e dinâmica inconfundíveis da autora. Uma das investigações, empreendida por Colin Lamb à serviço da inteligência britânica, é narrada em primeira pessoa e ligada à espionagem da Guerra Fria. A outra investigação, que dá nome ao livro, diz respeito ao crime cometido na casa de uma senhora cega, Sheila Webb. Ali, quatro relógios marcam 16h13, enquanto ela encontrará, em pânico, um homem desconhecido, no chão, inerte. Assassinato? Hercule Poirot entra em cena após ser questionado se conseguiria solucionar o caso à distância, sem sequer deixar sua poltrona, usando apenas seu faro e instinto apurados.
Por que está na lista? A sagacidade de Poirot é posta à prova como nunca.
Ariadne Oliver fica pasma com a impertinência da sra. Burton-Cox ao lhe perguntar, tão casualmente, sobre o trágico passado de sua afilhada, Celia Ravenscroft. Mesmo assim, a questão desperta sua curiosidade, pois o caso nunca foi esclarecido. Para investigar esse crime, Ariadne pede ajuda ao detetive Hercule Poirot. Ele tem certeza de que a resposta ainda está na memória das antigas testemunhas – e agora cabe a ambos remexer o passado e descobrir como as peças deste complexo quebra-cabeça se encaixam.
Por que está na lista? Único livro de Agatha Christie que descobri o final antes de terminar a leitura.
A convite de Poirot, o capitão Hastings retorna ao local da primeira investigação de ambos: a mansão Styles. O tempo passou: o detetive belga envelheceu e está em uma cadeira de rodas; já a antiga mansão foi reduzida a uma mera hospedaria. A visita, porém, se revela mais que um reencontro entre velhos amigos. O instinto de Poirot, ainda afiado, lhe diz que entre os hóspedes há um assassino. E ele precisa que Hastings o ajude a identificá-lo antes que haja mais uma vítima – e antes que seu tempo acabe.
Por que está na lista? Última investigação de Hercule Poirot.
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