Escolhi O Paciente, de Jasper DeWitt, para iniciar as leituras de 2024 do meu clube do livro e acredito que foi uma boa escolha. Amo ficção que consegue render críticas positivas e negativas pois são as melhores para discussões.
Eu esperava um terrorzinho e até senti um pouco de medo em algumas partes, mas o melhor foi poder reclamar sempre que o protagonista fazia algo duvidoso, bem característico de personagens de histórias de terror.
Felizmente para você, Rose tem uma opinião elevada sobre seu intelecto e acha que pode ser capaz de nos dar algum insight em relação àquela praga psicológica ambulante que chamamos de paciente.
Esse livro poderia facilmente ser um filme de terror de baixo orçamento e não falo isso como ofensa. Um hospital psiquiátrico semiabandonado localizado no meio do nada, um psiquiatra recém formado e um paciente que ninguém consegue diagnosticar e tratar. Junte isso a muita previsibilidade e o resultado é uma narrativa atrativa, fluída e que cumpre o papel de entreter o leitor.
Gostei da ambientação no começo porque atingiu o objetivo de transmitir um clima sombrio e perigoso. Parker, o médico, conseguiu toda a minha atenção por estar contando em um blog o que aconteceu com ele. O interessante é que O Paciente foi de fato publicado em formato de posts na internet. Antes de virar um livro, o autor compartilhou a história no Reddit NoSleep. Então vemos que Jasper DeWitt soube fazer um bom trabalho quanto a isso.
Achei tudo bastante previsível, porque é claro que o médico jovem, que foi um ótimo aluno, ficou curioso sobre o paciente mais misterioso do hospital. Não julgo, eu também iria atrás de entender melhor o caso de Joe, um paciente considerado um grande risco para todos que se aproximam dele. Quem tem muito contato com ele acaba enlouquecendo a ponto de atentar contra a própria vida. Nisso, foram mais de vinte anos internado sem nenhum diagnóstico. É um caso atrativo demais para um psiquiatra recém formado que acha que pode salvar todo mundo. Por isso, Parker faz tudo o que pode para se tornar o médico de Joe, o que acredito ser o maior arrependimento na vida dele. Ele conseguiu ir além do limite dos médicos anteriores, mas pagou um preço muito alto por isso.
Demorou muito para a primeira aparição de Joe acontecer e isso me deixou cansada por somente ler opiniões de terceiros sobre ele. Faltou espaço para vermos o comportamento estranho dele direto da fonte, o que atrapalhou o aprofundamento do personagem. Eu não esperava que a grande atração só aparecesse no capítulo cinco, na página sessenta das cento e noventa e três totais. Mas não vou negar que foi uma entrada nota dez pois ele mostrou toda a capacidade dele desde a primeira fala.
Sei que se trata de ficção, mas foi impossível não me revoltar com o que os médicos fizeram quando houve corte de gastos no hospital. Foi uma falta de bom senso enorme que causou vários problemas porque demoraram para aceitar a resposta óbvia: Joe deveria ficar isolado.
Se um livro consegue despertar esse tipo de reação em mim, então considero isso como um ponto positivo da história.
O que mais me surpreendeu foi o final ser decepcionante depois de um começo tão envolvente, mas até isso é igual aos filmes de terror medianos. A solução para o mistério não foi um problema para mim, o que não funcionou foi o desenvolvimento apressado e mal trabalhado. Lembrei do filme Mama (2013) e a revolta que senti ao sair da sala do cinema. Ambos tiveram finais tão anticlimáticos que acho difícil gostar.
Como falei, no caso de O Paciente, eu aceitei a resposta por trás do problema de Joe e gostei da maioria dos clichês presentes no fim. Foi divertido ver que muitas pontas soltas só puderam ser resolvidas, é claro, graças ao protagonista. A questão é que tudo aconteceu muito rápido, com descrições e repetições desnecessárias. Isso é algo que já estava ali desde o começo e se tornou um incômodo. Um exemplo é a quantidade de vezes que Parker fala que acredita ser impossível que os leitores do blog dele adivinhassem a verdade. Esse tipo de desvio do objetivo é a última coisa que espero durante a parte mais importante de um suspense.
Após vinte e cinco por cento de leitura, o meu Kindle resolveu me perturbar e diminuiu o tamanho da fonte sozinho. Sim, enquanto eu lia de madrugada sendo que sou uma grande medrosa. Não apareceu a janela de configuração, só diminuiu as letras quando passei para a próxima página. Eu teria ficado menos preocupada se não tivesse acontecido exatamente quando o protagonista diz que não tem medo de ser o médico de Joe.
O que aconteceu é um mistério, mas meu lado racional acredita que foi algum problema no ebook dado que aconteceu outra vez.
Além disso, me vi obrigada a pesquisar o tempo que unhas levam para se decompor. Minha curiosidade me controlou porque eu precisava saber se tinha chances de ser verdade ou se era erro do enredo. Quem nunca fez pesquisas absurdas por causa de um livro de ficção?
Jasper DeWitt escreveu uma típica história de terror que prende a atenção do leitor enquanto gera emoções negativas por ver o protagonista tomando decisões ruins. Foi uma leitura que valeu a pena por causa de todos os sentimentos gerados e foi ótimo conversar sobre o livro com outras pessoas.
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Sobre o clube do livro:
Criei o “Ell está lendo com o clubinho” em novembro de 2023 para reunir pessoas que compartilham o amor por livros e gostam de conversar sobre suas leituras.
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