Mês do orgulho significa mais uma edição da Poc Con, um evento LGBTQIA+ de quadrinhos e artes gráficas que aconteceu nos dias 31 de maio e 01 de junho de 2024.
A feira, que tem aumentado a cada ano, dá visibilidade tanto para visitantes quanto para artistas LGBT+, sendo um espaço seguro para todos.
Criada em 2019 por Mário César e Rafael Bastos Reis, a Poc Con antecede a Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo. Com um nome que usa uma gíria passando por ressignificação, a feira é o palco de quadrinistas e artistas que produzem cada vez mais obras maravilhosas.
Por ter entrada gratuita, a fila para entrar é famosa por ser enorme. Isso é a prova de que existe, sim, interesse por eventos culturais, além da importância de ter um cenário LGBTQIA+ na área.
Foi minha primeira vez no evento e minha primeira impressão foi, sem dúvidas, muito positiva! A organização acertou demais com o tamanho do lugar escolhido, o Centro Cultural São Paulo – CCSP. O local comportou muito bem o Vale dos Artistas que contava com mais de cento e setenta e cinco expositores, entre artistas e editoras. Além de ser de fácil acesso por estar exatamente ao lado da estação Vergueiro do metrô. E abrigou o público que manteve os corredores lotados durante todo o tempo. A estimativa da organização é que cerca de dezoito mil pessoas passaram por lá nesses dois dias.
A programação contou com diversos bate-papos, oficinas, sessões de autógrafos e concurso de melhor cosplay e melhor performance de cosplay (lip sync).
Acompanhei dois bate-papos com temas sobre dublagem e BL e GL, pois são assuntos que me interessam, então fiquei feliz por estar presente. Ainda mais porque, como já mencionei em outros posts, amo ouvir as pessoas falando sobre seus trabalhos.
Também adoro o mundinho de cosplays e me sinto na obrigação de dizer que vi os mais bonitos lá. Genshin Impact, Heaven Official’s Blessing, Jujutsu Kaisen, Naruto e Cardcaptor Sakura foram alguns dos que vi no evento.
Eu amei tanto a Poc Con 2024 que já estou ansiosa para a de 2025!
Além daqui, tem material extra no meu Tiktok e Twitter (X).
Eu pude entrar antes da abertura oficial por estar presente como imprensa e é por isso que tem poucas pessoas no meu vídeo. Gravei logo que cheguei, mas mostrei no começo que já tinha fila para entrar. Também aproveitei esse momento para ver o máximo possível de mesas no Vale dos Artistas e, óbvio, fazer minhas comprinhas.
Os dubladores Bruno Dias, Felipe Galvão e Felipe Marques participaram de um painel mediado por Moo-chan sobre o movimento Dublagem Viva. Nele, eles falaram sobre como o carinho pela dublagem começou graças ao amor por personagens fictícios e a vontade de se tornarem eles. Também compartilharam momentos memoráveis do trabalho, que foi desde dublar um personagem famoso e ser reconhecido por isso até fazer a primeira direção de dublagem.
Não foi uma surpresa para quem estava lá quando o tópico lacração foi abordado. Eles fizeram isso de uma forma divertida e concordo que é algo que tem, sim, que existir. Todas as áreas precisam passar por mudanças e a dublagem não pode escapar disso. Então foi bom ouvir que as distribuidoras estão tendo esse cuidado com representatividade. Que já existe a exigência de ser um ator preto para dublar um personagem preto, um LBGT+ dando voz para LGBT+. Como os dubladores disseram, é um processo que ainda está em crescimento, mas já mudou muito nos últimos anos, o que é ótimo.
Eles apontaram o que já deveria ser óbvio sobre dublagem viva: arte é uma experiência humana. Por isso, sei que não é fácil lidar com as ameaças que as Inteligências Artificiais estão gerando. O que traz essa questão para a dublagem é a necessidade de transparência quanto ao uso das vozes. Acredito que ninguém quer ter seu trabalho usado para alimentar IA, ainda mais que isso pode pôr um fim no emprego de muitas pessoas.
É por isso que vários dubladores se juntaram para tentar a criação de uma regulamentação federal; PLs que protejam a dublagem brasileira. Não acho que seja um absurdo pedir para que os contratos sejam claros quanto a não usar as vozes dos dubladores em IA sem consentimento.
Ter uma regulamentação também vai impedir que aconteçam casos como o que Felipe Galvão compartilhou. Ele recebeu um contrato com uma cláusula para usar a voz dele do jeito que quisessem pelos próximos setenta anos.
Além de garantir que pedidos como o para que Wolverine (X-Men) continue sendo dublado por Isaac Bardavid (falecido em 2022) através do uso de IA nunca sejam atendidos.
Dublagem é um trabalho que precisa transmitir emoções. Um exemplo que deram sobre isso foi a localização de As Branquelas, que é admirada por ter deixado o filme ainda mais engraçado.
Traduções são o que garantem a acessibilidade e é por isso que, quando perguntados sobre sonhos para o futuro, os dubladores disseram que desejam que a dublagem continue viva e que o mercado cresça e dê oportunidades para novas pessoas.
Dublagem é um tema com várias ramificações que podem render conversas longas e eu estou amando aprender mais sobre esse assunto. Então é muito legal ver que eventos dão espaço para dubladores e torço para que continue assim.
As minhas expectativas foram muito bem atendidas, indo até além do que eu imaginava, com o melhor Lip Sync Challenge que já vi! Cosplayers se apresentando com sincronia labial com uma música que gostam e que combinava com o cosplay foi muito divertido. Tanto a mediação quanto os jurados foram partes essenciais para criar esse clima.
Não sei dizer o que, exatamente, eu esperava, mas confesso que não considerei o fator comédia. Claro que nem todos os cosplayers foram para esse lado, mas os que escolheram essa opção realmente mergulharam de cabeça. É por isso que achei que estava pronta para qualquer coisa depois de uma Meiling Li (Cardcaptor Sakura) apresentando “Girlfriend” de Avril Lavigne e um Buggy (One Piece) com “Onda onda” do Tchakabum. Mas a verdade é que nada me preparou para ver Sasuke e Naruto performando “Gotta go my own way” (High School Musical). Eu nunca tinha percebido o quanto essa música combina com SasuNaru e os cosplayers fizeram um espetáculo tão bom que chorei de tanto rir. Eles ficaram em primeiro lugar no Cosplay Lip Sync Challenge, o que foi merecidíssimo!
Foi, com certeza, uma escolha muito acertada da minha parte de encerrar o evento após esse show maravilhoso que os cosplayers deram.
17 de junho 2024, às 4:13
Parece que foi um evento e tanto. Obrigado por ter compartilhado!
Boa semana!
Até mais, Emerson Garcia
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